MariAntonia abriga seminário sobre história da arte

MariAntonia abriga seminário sobre história da arte

O Centro MariAntonia promove, juntamente com o Museu de Arte do Rio, o seminário Arte no Brasil 1970-2020: deslocamentos da crítica e da história da arte, entre os dias 8 e 17 de maio. As inscrições gratuitas podem ser realizadas pelo formulário

Tendo como ponto de partida a atuação de críticos e artistas entrevistados no livro O papel da crítica na formação de um pensamento contemporâneo de arte no Brasil nos anos 1970, de Fernanda Torres e Martha Telles, o seminário tem o objetivo de  trazer para o debate questões levantadas nos últimos 50 anos, de modo a pensar seus alcances, validades e lacunas para os dias atuais. São propostas três temáticas, distribuídas em seis dias de seminário nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo:

1- Mesas “Arte, Crítica e História da Arte”
Dos anos 1970 até a atualidade, é possível constatar profundas transformações nos campos da crítica e da história da arte, como o esvaziamento do papel social da crítica, o embaralhamento das fronteiras
entre as esferas pública e privada e a ascensão de novas mídias digitais e informacionais. Um dos fundamentos da atividade da crítica, a “experiência estética” como especificidade da arte, encontra-se sob suspeita de elitismo e purismo. Então como sustentar a experiência da arte nas condições contemporâneas? No campo da História da Arte, constata-se uma crise epistemológica: do questionamento de sua pertinência a críticas às construções ideológicas de raça, gênero e sexualidade na
teoria e na própria produção artística no século XXI, passando por renovações nas escritas e narrativas da arte com a ampliação de temas e reexames de cânones. Como tais debates contribuem para o processo de construção de uma história da arte pensada no e a partir do contexto brasileiro? De outra maneira, como a história da arte contribui para a compreensão do Brasil? Com a presença cada vez maior da arte
brasileira em exposições internacionais, acadêmicos estrangeiros têm participado de revisões do campo disciplinar das artes visuais no Brasil. Até que ponto isso situa ou desloca a história da arte no Brasil em relação a narrativas canônicas eurocentradas?

2- Mesas “Arte e política”
Nos anos 1970, no contexto da Ditadura Militar, observamos na produção de artistas e críticos diversas conjunções entre arte e política em embates mais ou menos diretos com o espaço institucional, visando assegurar a inscrição pública dos trabalhos de arte. Essas conjunções apontavam tanto para o
ativismo de grupos e instituições, quanto para a investigação nos campos da linguagem e da imagem. Nos dias atuais, frente à mercantilização da arte e da cultura e o consequente esvaziamento crítico do campo artístico, a relação entre arte e política assume estratégias, pautas e formas de engajamento novas. Em importante parcela da produção atual, isso envolve a representação de marcadores sociais que questionam a subjetividade artística universal e os discursos hegemônicos da cultura ocidental. Em que medida tais operações apontam para efetivas mudanças epistemológicas e novas composições de forças políticas? Quais os riscos de instrumentalização de agendas contemporâneas como forma de condicionamento da arte? Que mudanças ocorreram na inscrição pública dos trabalhos de arte? Qual a potência da arte como espaço de disputa das memórias, representações e agências sociais?

3 – Mesas “Arte, instituições e espaço público” 

A partir dos anos 1970/80, a continuidade de ações políticas em instâncias do sistema de arte como mercado, museus, crítica e história da arte contribuíram para a construção de um valor social da
arte brasileira e sua dimensão pública. Atualmente, em um contexto neoliberal, o protagonismo de grandes corporações parece se sobrepor à legitimação da arte outrora exercida por tais instâncias, apontando para a própria crise das instituições definidas pela racionalidade iluminista europeia. Mesmo instituições de arte
internacionais, responsáveis por mediar relações de trocas com artistas através dos mais recentes discursos culturais da “globalização”, vêm perdendo poder de legitimação para instâncias do mercado como as feiras de arte. Em que medida o espaço público da arte encontra-se diluído no mercado, capaz de definir hierarquias e consensos da arte baseados em interesses próprios de sua lógica especulativa?
Instituições com perfis diversos como, por exemplo, a Pinacoteca de São Paulo, a Bienal de São Paulo e o Museu de Arte do Rio, parecem casos exitosos da relação com o público, mas até que ponto elas efetivam a demanda dos anos 70 por uma dimensão pública para a arte no Brasil? A presença da História da Arte em cursos de graduação e pós-graduação nas universidades brasileiras tem tido papel relevante na construção dessa dimensão pública da arte no Brasil?

Programação

Museu de Arte do Rio – Rio de Janeiro

8 de maio às 16 horas

Mesa  “Arte, Crítica e História da Arte” 
– Ricardo Basbaum (Universidade Federal Fluminense)
– 
Ronaldo Brito (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
– 
Vera Beatriz Siqueira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

9 de maio às 16 horas

Mesa “Arte e política” 
– 
Iole de Freitas (artista)
– 
Marcelo Campos (Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Museu de Arte do Rio)
– 
Paulo Sergio Duarte (Universidade Cândido Mendes)

10 de maio às 16 horas

Mesa “Arte, instituições e espaço público” 
– 
Clarissa Diniz (curadora)
– 
Fabrícia Jordão (Universidade Federal do Paraná)
– 
Vera Chaves Barcellos (artista)

Centro MariAntonia da USP – São Paulo

15 de maio às 15 horas
Mesa  “Arte, Crítica e História da Arte” 

– Roberto Conduru (Southern Methodist University, Dallas)
– 
Sônia Salzstein (Universidade de São Paulo)
Tiago Mesquita (crítico de arte e professor de história da arte)

16 de maio às 15 horas
Mesa “Arte e política” 

– Dária Gorete Jaremtchuk (Universidade de São Paulo)
– 
Guilherme Wisnik (Universidade de São Paulo)
– Tania Rivera (Universidade Federal Fluminense)

17 de maio às 15 horas
Mesa “Arte, instituições e espaço público” 

– José Resende (artista)
– 
Lorenzo Mammi (Universidade de São Paulo)
Renato Menezes (Pinacoteca de São Paulo)

Comissão organizadora: Fernanda Lopes Torres (pesquisadora doutora em História da Arte, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), João Masao Kamita (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), Liliane Benetti (Universidade de São Paulo), Martha Telles Machado da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Patricia Leal Azevedo Corrêa (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Serviço:

Seminário Arte no Brasil 1970-2020: deslocamentos da crítica e da história da arte
Datas 
8 a 10 de maio – Museu de Arte no Rio
15 a 17 de maio – Centro MariAntonia da USP

Inscrições gratuitas em 
E-mail para informações: arte.no.brasil.1970.2020@gmail.com