Cine-debate: Revendo filmes antigos com Siegfried Kracauer

Cine-debate: Revendo filmes antigos com Siegfried Kracauer

O Centro Universitário Maria Antonia, em parceria com o grupo de pesquisa “História da experimentação no cinema e na crítica” da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, dirigido pelos professores Rubens Machado Jr. e Mateus Araújo da ECA, apresenta o cine-debate.

Ainda em quarentena, o cine-debate deste mês será online, com o tema Revendo filmes antigos com Siegfried Kracauer. O evento terá como expositor Rafael Morato Zanatto, com comentário de Miguel Vedda, debate com Rubens Machado Jr. e mediação de Jéssica Frazão.

O cine-debate será na quinta-feira, 10 de junho, às 16 horas, pelo link meet.google.com/gyu-pucn-rja, participação gratuita e aberta a todos.

A série Revendo filmes antigos (Wiedersehen mit alten Filmen, 1938-1940), publicados no Jornal Nacional (National Zeitung) da Basiléia, Suíça, é o primeiro trabalho que Siegfried Kracauer publicou sobre a história do cinema. Nos sete artigos do conjunto, nota-se a presença dos fundamentos de três propostas de escrita da história do cinema: história da linguagem cinematográfica, do cinema nacional e de uma fisionomia transnacional compartilhada pelo Ocidente. Um exame sumário da série sinaliza a existência de três conjuntos: o primeiro (I- Pudovkin, IV- Abel Gance e seu filme A roda e VII-Jean Vigo), alocado nas extremidades (I e VII) e no centro (IV) da série trata das formas que persistiram e que feneceram com o desenvolvimento da linguagem cinematográfica e interpreta a vitalidade do conteúdo em relação à expressão de temas sociais – teses fundamentais para a narrativa transnacional e técnica de seu livro Teoria do Cinema. O segundo (II- Max Linder e VI- O cinema Vamp) demonstra a decadência e a vitalidade dos gêneros, dos temas e dos tipos num recorte transnacional, cujas discussões também serão retomadas em Teoria do Cinema. O terceiro conjunto (III- Mauritz Stiller e o cinema sueco e V- O cinema expressionista) apresenta a fisionomia dos cinemas nacionais e interpreta sua vitalidade em relação às suas respectivas tradições – tese fundamental para sua história nacional do cinema alemão. Trata-se, em conjunto, de uma escrita da história pluridimensional, que interpreta os filmes antigos em relação ao passado, ao presente e ao futuro não apenas dos filmes, mas do próprio cinema e do historiador que a eles se dedica à época da formação do cinema moderno.

Quem são

Rafael Morato Zanatto é graduado em História pela FCL-UNESP/Assis (2010), onde se torna mestre (2013) e doutor (2018) em História e Sociedade sob a orientação de Carlos Eduardo Jordão Machado. Atualmente desenvolve a pesquisa de pós-doutorado A contribuição alemã e francesa à formação dos estudos históricos de cinema (1945-1952) (FAPESP) na Escola de Comunicação e Artes da USP, sob a supervisão de Eduardo Morettin. Obteve apoio da FAPESP nas modalidades iniciação científica, mestrado e doutorado, além das bolsas de estágio de pesquisa no exterior realizadas na Cinémathèque française (Paris, 2012), sob a supervisão de Michael Löwy, e na Deutsche Kinemathek e na Akademie der Künste (Berlim, 2017), sob a supervisão de Erdmut Wizisla. Foi pesquisador e arquivistada Cinemateca Brasileira (2012, 2013, 2016). É autor do artigo “Siegfried Kracauer, crítico e historiador: extraterritorialidade e falsa consciência na ascensão do fascismo”, Terceira Margem, 2019.

Miguel Vedda é doutor em Letras, catedrático de Literatura Alemã da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (UBA) e pesquisador do CONICET. Foi diretor do Departamento de Letras e do Mestrado em Literaturas em Línguas Estrangeiras e em Literaturas Comparadas. Presidente da Associação Latino-americana de Estudos Germanísticos e diretor da cátedra livre “Teoria Crítica e Marxismo Ocidental” (FFyL, UBA). Membro da Internationale Georg-Lúkacs-Gesellschaft e do Conselho de Redação da revista Herramienta. Assina o Prólogo do livro Historia: las últimas cosas antes de las últimas (2010), de Siegfried Kracauer. É autor dos livros La irrealidad de la desesperación: estudios sobre Siegfried Kracauer y Walter Benjamin (2011) e Siegfried Kracauer, or, The Allegories of Improvisation: Critical Studies (2021). Organizou as coletâneas Siegfried Kracauer: un pensador más allá de las fronteras (2010), com Carlos Eduardo Jordão Machado; Arte, Filosofia e Sociedade (2015), com Ester Vaisman; Walter Benjamin: experiência histórica e imagens dialéticas (2015), com Carlos Eduardo Jordão Machado e Rubens Machado Jr.

Rubens Luis Ribeiro Machado Jr. é mestre e doutor em artes-cinema pela ECA-USP, onde é professor titular, lecionando História, Análise e Crítica do Audiovisual. Ensinou Estética, História da Arte e da Arquitetura na FAU-Febasp. Cineclubista nos anos 70, participa de revistas como Cine-Olho, L’Armateur, Infos Brésil, praga, Sinopse Rebeca. É ensaísta e articulista analisando filmes experimentais e de vanguarda na história do cinema brasileiro. Publicou Contribuições para uma história do cinema experimental brasileiro: momentos obscuros, desafio crítico (2020) e, com M. Vedda e C. E. J. Machado, Walter Benjamin: experiência histórica e imagens dialéticas (2015). Pesquisador e curador dos projetos Marginália 70: o experimentalismo no Super-8 brasileiro (Itaú Cultural, 2000-03) e PST LA/LA: Experimental Media in Latin America (Los Angeles Filmforum e Getty Foundation, 2014-18). Conselheiro eleito em várias gestões da Socine, onde cria o seminário Cinema como arte, e vice-versa. Lidera o grupo de pesquisa História da experimentação no cinema e na crítica.

Jéssica Frazão é doutoranda pelo PPGMPA/ECA-USP, onde desenvolve pesquisa sob orientação de Rubens Machado Jr. entitulada de Ressignificando a obra de Siegfried Kracauer a partir dos ensaios para o Die Frankfurter Zeitung (1921-1933). Participa dos grupos de pesquisa História da experimentação no cinema e na crítica (HECC) e Humanitas – Núcleo de Pesquisa em Epistemologias, Práticas e Saberes interdisciplinares (UFSC). Integra a equipe curatorial do Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra Catarinense (FICASC) e o Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema (Elviras). Realizou Lakay (2016), curta-documentário vencedor por escolha do público no 2nd Annual Oxford Brookes Documentary Awards (2017), da Oxford Brookes University.