Exposição coloca em evidência percepções estéticas sobre o tempo

Exposição coloca em evidência percepções estéticas sobre o tempo

A mostra Contar o tempo amplia a percepção sobre o tempo e revisita o passado do projeto modernista de país, no contexto das comemorações do bicentenário da independência e do centenário da Semana de Arte Moderna

O Centro Maria Antonia da USP inaugura, no dia 30 de março, a exposição Contar o tempo, com obras que apresentam formas diversas de percepção e apercepção sobre o tempo, partindo da ideia de não há um fluxo contínuo, homogêneo e mensurável. 

Para Dária Jaremtchuk, curadora da mostra, e vice-diretora do Centro Maria Antonia, as pessoas precisaram se reinventar com a pandemia de covid-19. “Aqueles que conseguiram vivenciar o isolamento social, enquanto esperavam pelo restabelecimento do tempo conhecido e experienciado, precisaram inventar formas diversas de contar o tempo daquelas ordenadas pela agenda do trabalho convencional. No transcurso da nova rotina criada na reclusão, a ocupação com os afazeres cotidianos se tornou um modo de organizar e mensurar a passagem do tempo.”

Já para os que precisaram manter os seus espaços e tempos do trabalho pré-pandemia, o cotidiano ganhou outras densidades específicas, permeado pelo medo e pela insegurança. “Além dessas desestabilizações por si sós disruptivas, as políticas públicas, entre negligentes e criminosas, contribuíram para a perda de referências e para a sensação de se estar à deriva. Os assombros diários afetaram profundamente as expectativas em relação ao tempo futuro e a crença iluminista de que a história humana se movia da barbárie à civilização foi abalada”, explica.

Também em 2022, com as comemorações do bicentenário da independência e do centenário da Semana de Arte Moderna, revisões críticas e balanços historiográficos serão capazes de transformar as perspectivas sobre o passado. Segundo a curadora, o recorte escolhido na exposição Contar o tempo traz obras, “que abordam de modo indireto a reflexão do imaginário moderno, do fracasso da modernização e do projeto de emancipação nacional no meio das artes”.

Na abertura da exposição,  30 de março, a partir das 18 horas, os artistas Aline Motta, o doutorando Elilson e o pós-doutorando João Carlos Moreno de Souza, ambos da USP, farão uma performance na Praça sem nome, que conecta os prédios do Centro Maria Antonia.

A curadoria destaca a reunião de artistas ligados à USP, como estudantes ou docentes, com o intuito de demonstrar a importância da formação e a presença da arte e reflexão da universidade na sociedade.

Artistas de diferentes gerações da USP integram a exposição: as experientes professoras, Carmela Gross, já aposentada, e Dora Longo Bahia; as mestrandas Adriana Moreno e Marina Zilbersztejn, o doutorando Diogo de Moraes, as doutoras Clara Ianni e Rosana Paulino. Ainda compõem a mostra os artistas Laís Myrrha, Marilá Dardot, Marcelo Moscheta, Talles Lopes e Walmor Corrêa.

Núcleo Arqueológico do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP

Astolfo Gomes de Mello Araujo, docente do MAE, e Maria Mercedes Martinez Okumura, docente do Instituto de Biociências (IB), são curadores do Núcleo Arqueológico que faz parte da exposição Contar o tempo. A proposta é apresentar uma visão particular de tempo: o tempo em suspensão. São exibidos cinco conjuntos de artefatos que atestam as durações milenares de diferentes culturas arqueológicas que habitaram o espaço que hoje chamamos de Brasil.

Além dos artefatos de pedra lascada, são exibidas cerâmicas Tupi-guarani e Kaingang, grupos muitas vezes contemporâneos e radicalmente diferentes, mas que tinham em comum essa conexão extrema com seus antepassados. Conseguiram manter seus traços culturais ao longo de várias centenas de gerações, e trazem a reflexão sobre o desenraizamento do ser humano.

Acesse o material audiovisual da exposição Contar o tempo.

Quem é a curadora

Dária Jaremtchuk

Vice-diretora do Centro Maria Antonia, é professora livre docente pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado e doutorado em Artes pela USP. Foi pesquisadora visitante, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp), na Brown University e na Georgetown University. É professora de História das Artes nos cursos de graduação da EACH e de pós-graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e Estudos Culturais da EACH. No primeiro semestre de 2019, foi professora visitante na Emory University, Atlanta, pelo Programa Fulbright para a Cátedra de Estudos Brasileiros. É autora, dentre outras publicações, do livro Annabella Geiger: passagens conceituais (2007) e organizadora de Arte e política: situações (2010).

Serviço

Exposição Contar o tempo
Abertura 30 de março – a partir das 18 horas 

Performance dos artistas Aline Motta, Elilson e João Carlos Moreno de Souza, na Praça sem nome, ao lado do edifício Joaquim Nabuco

Onde |  Centro Maria Antonia – Edifício Joaquim Nabuco

Rua Maria Antônia, 258 – Vila Buarque – São Paulo, SP (próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô)

Quando | De 30 de março a 19 de junho de 2022

Visitação | terça a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas (obrigatório uso de máscara de proteção individual e apresentação de carteira de vacinação contra covid-19 com pelo menos duas doses ou dose única no caso da vacina da janssen)

Classificação | Livre

Quanto | Grátis

Informações | (11) 3123-5202