No mês de outubro, o Centro MariAntonia sedia o ciclo Leituras para Herzog, sempre às sextas-feiras, a partir das 18h. Serão apresentadas três leituras dramáticas das peças Patética, Ponto de Partida e Fábrica de Chocolate, seguidas de debates com convidados. O evento é aberto a todos e tem entrada gratuita.
As três obras foram escritas pouco tempo depois do assassinato de Vladimir Herzog, jornalista que em 1975 sofreu torturas e foi assassinado pela ditadura militar. Entretanto, somente Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri, foi encenada na sequência da redação do texto, estreando em setembro de 1976 no Teatro de Arte Israelita Brasileiro, sob a direção de Fernando Peixoto.
Patética, de João Ribeiro Chaves Neto, por sua vez, teve a sua montagem integralmente vetada pela censura até 1980, quando pôde, finalmente, ser apresentada ao público no Teatro Augusta, sob a direção de Celso Nunes. Antes disso, em 1979, a peça foi encenada de forma clandestina por um grupo amador, como atividade conclusiva de um curso de extensão em teatro promovido pela Universidade de Campinas (Unicamp), sob a direção de Reinaldo Santiago.
Embora Fábrica de Chocolate também tenha sido escrita pouco tempo após a morte de Herzog, seu autor, o dramaturgo Mario Prata, a manteve inédita até 1979, estreando em dezembro daquele ano, no Teatro Ruth Escobar, com a direção de Ruy Guerra. São obras que demonstram a coragem dos nossos artistas de evidenciar um crime estatal e que não podem cair no esquecimento.
Também neste mês, nos dias 2 e 3 de outubro, o MariAntonia relembra a Batalha da Maria Antônia, ocorrida em 1968, durante a ditadura militar que durou 21 anos no Brasil.
Confira a programação do Leituras para Herzog:
Sextas-feiras às 18h
3 de outubro
18h – 19h: Leitura dramática da peça Patética (com alunos do curso de Artes Cênicas da USP)
19h – 20h: Conversa sobre o caso Herzog e a luta pela verdade, com Lorrane Rodrigues, representante do Instituto Vladimir Herzog, e Sérgio de Carvalho, professor da USP e dramaturgo.
10 de outubro
18h – 19h: Leitura dramática da peça Ponto de Partida (com professores e ex alunos do curso de Artes Cênicas da USP)
19h – 20h: Conversa sobre o teatro engajado dos anos 70, com Gustavo Assano, pesquisador do teatro de Guarnieri.
17 de outubro
18h – 19h: Leitura dramática da peça Fábrica de Chocolate (com o NORA Teatro)
19h – 20h: Conversa com o autor da peça, Mário Prata, sobre a sua experiência com o teatro durante a ditadura.
Sinopses
Patética, de João Ribeiro Chaves Neto
Na última apresentação de sua decadente carreira, uma trupe circense conta a jornada de Glauco Horowitz, um jornalista que, assim como Vladimir Herzog, fugiu ainda criança da Iugoslávia devido à ataques nazistas, adotando o Brasil como pátria.
Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri
Birdo, um poeta e pastor de cabras, é encontrado enforcado, com o corpo pendendo de uma árvore no centro de uma praça. A população da aldeia indaga a causa da morte e um inquérito é aberto para saber se o ocorrido é fruto de um suicídio ou de um assassinato.
Fábrica de Chocolate, de Mario Prata
Os torturadores Rosemary e Baseado matam, impensadamente, um operário de uma fábrica de chocolates por exagerarem na medida da tortura. A partir daí, eles acionam seus chefes, que decidem forjar e fotografar uma cena de suicídio para encobrir o crime.
Serviço:
Ciclo de leituras dramáticas “Leituras para Herzog”
Sextas-feiras às 18 horas
Quando
3 de outubro – Patética + debate com Lorrane Rodrigues (Instituto Vladimir Herzog)
10 de setembro – Ponto de Partida + debate com professor da USP e dramaturgo Sérgio de Carvalho
17 de outubro – Fábrica de Chocolate + debate com o escritor e dramaturgo Mario Prata
Onde | Centro MariAntonia da USP – Edifício Joaquim Nabuco
Classificação | Livre
Lotação da sala | 100 lugares
Quanto | Grátis